Nem todo mundo sabe muito bem quais são as atribuições de um anestesista. Na verdade, esta é a realidade inclusive no meio acadêmico.
No início da minha carreira fui impelido à anestesia por enxergar apenas alguns poucos aspectos dessa especialidade, como a rapidez de respostas às condutas anestésicas e a intimidade com situações de urgência e emergência . No “fim das contas” eu buscava uma especialidade imediatista e que me capacitasse para situações críticas.
Ao longo dos três anos de formação em anestesia e nas duas décadas que se seguiram de prática diária da especialidade um novo e incrível mundo se revelou: entendi que o anestesista e a anestesia provocavam nos pacientes afetos diversos! Medo, insegurança, desconfiança. Mas também gratidão, respeito e até reverência. Também aprendi que o relacionamento com todos os profissionais presentes numa sala de operação podia ser “orquestrado” por um anestesista consciente deste papel: um maestro.
Um anestesista presente e consciencioso é o porto seguro de cirurgiões que podem se concentrar nos tempos cirúrgicos; é a voz amiga que garante à beira do leito para um paciente acordado que está tudo bem; é o norte de técnicos(as) de enfermagem e enfermeiros (as) quando situações críticas se instalam.
E tudo isso me encanta!
O caminho da maturidade me levou à outros horizontes e me fez ingressar num mundo além do operacional. Novas atribuições e responsabilidades como a chefia do departamento de anestesiologia, a responsabilidade técnica de uma equipe de alto nível e a direção médica do centro cirúrgico eram um grande desafio.
Para minha surpresa o mundo da gestão “se resolvia” com várias habilidades herdadas da vida de anestesista. E o que pude atestar “no fim do dia” é que o que importa mesmo é olhar para as pessoas como iguais e se perguntar sobre o que é possível fazer para melhorar o que está aí! É sobre melhorar o dia das pessoas, sejam elas operadoras daquele sistema que está sendo gerenciado, sejam pacientes ansiosos por mais qualidade de vida, sejam alunos ávidos por conhecimento ou sejam cirurgiões que esperam desempenhar seu melhor papel.
Reger uma sala de cirurgia, ou um centro cirúrgico inteiro sempre terá como objeto final a satisfação daqueles que estão alí por um bem comum, o paciente.
Edirson de Araujo Pereira Jr
Título Superior em Anestesiologia (TSA/SBA)
MBA em saúde pela Fundação Getúlio Vargas (FGV)
Responsável Técnico Piranest